Obrigada, J.K. Rowling!

Até hoje me lembro de quando li “Harry Potter e a Pedra Filosofal”. Eu tinha 11 anos, a mesma idade do protagonista. Pedi o livro a uma tia de Natal, mas passei a referência errada – pensei que se chamava “As Aventuras de Harry Potter”. Ela, graças a Deus, encontrou o livro certo. E eu encontrei um mundo novo.

Não dá para me esquecer do espanto que eu senti ao ler que um gato pulou e se tornou uma pessoa (era a Minerva, que, mais tarde, seria minha professora de Hogwarts favorita). Fui correndo até o meu pai, empolgadíssima, mostrar aquilo; afinal, nunca tinha lido algo assim nos meus poucos anos de vida. Era a noite de Natal.

O segundo livro nunca foi dos meus favoritos, então nem me lembro quando ganhei. Só sei que li a primeira vez o exemplar de um colega de colégio, depois ganhei o meu. Já o terceiro e o quarto foram presentes de Páscoa… Sim! Meus pais me davam outras coisas no lugar do chocolate. Essa Páscoa foi especial. Lembro-me de ter acordado no domingo, aberto os olhos e lá estarem os dois livros, apoiados em cima de um banco, rodeados de bombons. Chorei de alegria.

No quinto livro, chorei de tristeza pelo Sirius. Devorei o sexto. Engoli o sétimo, com direito a suspiro no prólogo. Em todos esses anos, colecionei recortes de revistas. Tentei, sem sucesso, completar álbuns de figurinha. Ganhei todos os DVDs. A única pré-estreia à qual fui na vida, adivinhem… “Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte II”. Chorei na abertura, chorei no fim – o prólogo do suspiro.

Minha primeira publicação de circulação nacional foi sobre Harry Potter. Uma pequeníssima opinião na coluna Você assistiu, da revista Atrevida, comentando o quanto eu havia gostado do filme “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”. Eu tinha 13 anos, mas falei que tinha 14 para a revista (o porquê eu não sei). A publicação acabou saindo em julho, mês do meu aniversário (e do Harry também), então não houve pecado.

Coincidentemente, no ano em que o lançamento do primeiro livro completa 20 anos, eu resolvi jogar meus recortes de revista e meus álbuns fora. Mudei de casa, tenho menos espaço. Olhei para toda aquela coleção, para minhas figurinhas e… Achei que doeria. Mas não.

Deve ser porque os livros ainda estão aqui comigo, na minha estante. Os filmes estão na sala, empilhados na ordem. E as memórias estão aqui, guardadas bem no fundo do meu coração. E isso… Ninguém joga fora.

* Paloma Destro gosta de colocar em textos as observações que faz do cotidiano, utilizando a vida como matéria-prima. “Fiz o que pude” é uma homenagem ao primeiro livro que leu na escola, aos oito anos. É a história de um passarinho que deu o seu melhor, fazendo o que podia com os meios de que dispunha. Assim ela espera fazer aqui também, por meio das palavras.

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