Gostar dos hermanos, ¡con mucho gusto!

Sempre fui fã de novelas mexicanas, e isso constantemente foi motivo de piada para algumas pessoas. A mais visada, claro, era “A Usurpadora”. Acompanhei todas as seis exibições da saga das irmãs gêmeas Paola e Paolina, sei de cor a música de abertura, incluindo os acordes da guitarra, choro com a separação do Carlinhos e da Vovó Isabel, choro com a Vovó Piedade. Comecei a assistir a essa novela com oito anos, sem nem ao menos saber o que significava o título. Lembro de ter perguntado para uma tia-avó, que também assistia. Era assunto de encontros de domingo.

Mas, voltando ao pessoal que desmerecia, a piada rondava, principalmente, a dublagem. “Como isso é estranho! O melhor das novelas mexicanas é a dublagem; que coisa engraçada! As vozes são as melhores! E os nomes? hahahaha” E assim eu ia assistindo e crescendo, em um quase bullying de uma época em que a palavra era desconhecida.

Esse bullying, entretanto, não se restringia – e hoje vejo que não se restringe – somente à dublagem. É toda a concepção da narrativa televisiva mexicana. Atualmente ainda escuto comentários de pessoas que criticam as produções dos hermanos, olhadas sob a ótica brasileira de se fazer teledramaturgia. Acontece que precisamos, primeiramente, entender que tratam-se de dois modelos diferentes: o “globeiro” e o “televiseiro”. O primeiro alcançou seus parâmetros de sucesso reconhecidos nacionalmente e em todo o mundo, e merece os elogios – apesar das constantes críticas às novelas atuais, o que anda fazendo com que os autores retornem cada vez mais ao jeito “antigo” de se construir essas narrativas: o melodrama.

Esse, o melodrama, é um dos pontos focais do jeito “televiseiro”. Refiro-me à Televisa, gigante televisivo do México, produtor de grandes sucessos (alguém aí já ouviu falar de “El Chavo Del Ocho”, ou melhor, “Chaves”?), os quais chegam às nossas telinhas brasileiras pelas mãos do gênio Sílvio Santos. Gênio porque sabe visualizar, nesses produtos, sucessos que vão além dos meros estereótipos que vemos com nossos olhos da TV brasileira. O que é feito no México, na Venezuela, no Paraguai é muito bom também, ou ainda melhor – depende do espectador. Afinal, gosto não se discute. E, se essas novelas não tivessem algo de positivo, será que fariam tanto sucesso por aqui a ponto de serem reprisadas, o que, seis vezes?

Façamos então a tentativa de sair de nossos moldes para observar o diferente. E não só em relação à telenovela, mas em diversos aspectos da vida. Afinal, pluralismo é a base de tudo, e saber lidar com ele vai muito além de postagens otimistas nas redes sociais. É exercício diário.

P.S.: todo texto traz o ponto de vista de seu autor. Para esse, eu sugeriria uma mudança em minha pequena biografia que acompanha as postagens: Paloma Destro já assistiu às seis exibições de “A Usurpadora” no SBT. Em relação à sétima, como está trabalhando no horário, pretende assistir aos episódios pelo site da novela. Além disso, é fã de “Rubi”, tendo assistido à primeira exibição e à reprise, além de tê-la adicionado à sua lista da Netflix – sem ter tido tempo para vê-la. Nas horas vagas, costuma assistir às versões brasileiras de novelas mexicanas que viu, como “Cúmplices de um Resgate”. Chora todas as vezes em que o Chaves é deixado na vila quando todos vão a Acapulco. Estudante de espanhol e espírita que é, acredita já ter nascido em algum país da América Latina além do Brasil.

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