A Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen, de Eugen Herrigel
Título: A Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen
Autor: Eugen Herrigel
Gênero: Religião e espiritualidade
Páginas: 104
Editora: Pensamento
Onde comprar: Amazon
Ao longo da história, entender o conceito de Zen tem sido um desafio para os ocidentais. Embora o termo esteja cada vez mais presente em nosso cotidiano, geralmente relacionado a artes como a meditação ou vulgarmente como “manter a calma”, é algo muito mais complexo do que isso.
A grande questão é que os próprios mestres zen afirmam a impossibilidade de compreendê-lo por meio da lógica ou da racionalidade. Portanto, qualquer livro que se escreva nunca conseguiria nos passar o que, de fato, é o Zen. Segundo eles, é algo só pode ser vivenciado na prática, como uma espécie de despertar. Ainda assim, A Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen é considerado um marco – a obra que mais perto conseguiu exprimir essa complexidade aos olhos do ocidente.
Kyudo: a arte cavalheiresca do arqueiro zen
Eugen Herrigel, autor de A Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen, foi um dos principais responsáveis pela popularização do zen no ocidente. Mas até chegar escrita do clássico, foi um longo caminho.
Enquanto lecionava filosofia na Universidade Imperial de Tóquio, entre os anos 1924 e 1929, o filósofo alemão estudou a arte japonesa do tio com arco, chamada Kyudo.
Herrigel e sua esposa foram os primeiros ocidentais aceitos como discípulos do lendário mestre do arco Kenzo Awa. O filósofo conta, com incrível clareza, como evoluiu sua caminhada no aprendizado. Mas “atirar” era, como ele veio a descobrir, o último objetivo…
“Algo atirou”
Dia após dia, o filósofo tentava, em vão, pôr em prática os ensinamentos do mestre. Para Herrigel, muitas das técnicas não faziam sentido e pareciam não levá-lo a lugar nenhum. O arco “desajeitado”, a dificuldade de sua flecha em sequer chegar ao alvo… Porém, aos poucos, pôde compreender o real objetivo da prática.
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Assim como outras artes orientais, o tiro com arte tem, na verdade, tem o foco na espiritualidade do praticante. Só assim é possível vivenciar o Zen, algo que Eugen Herrigel descobre quando sente que não é ele mesmo quem atira: “algo atira” e “algo acerta o alvo”:
“‘Sou eu quem estira o arco ou é o arco que acerta em mim? O algo é espiritual, visto com os olhos do corpo, ou é corporal, visto com os do espírito? São as duas coisas ao mesmo tempo ou nenhuma? Todas essas coisas, o arco, a flecha, o alvo e eu estamos enredados de tal maneira que não consigo separá-las. E até o desejo de fazê-lo desapareceu. Porque, quando seguro o arco e disparo, tudo fica tão claro, tão unívoco, tão ridiculamente simples’… ‘Nesse exato momento’, interrompeu-me o mestre, ‘a corda do arco acaba de atravessá-lo por inteiro’” (p. 86).
Um livro pequeno em número de páginas mas gigante em conhecimento, A Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen continua inspirando a todos os interessados nas artes orientais, na espiritualidade e no Zen.
E assim deve continuar. Leia e inspire-se também!
*Vitor Campanha é jornalista, redator e idealizador do Escrever e Ler. Possui Mestrado em Ciência da Religião pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente cursa o Doutorado, também em Ciência da Religião, na mesma instituição.