God Save The Queen

Lembro-me até hoje dos primeiros contatos que tive com o Queen. Eu era criança e morávamos todos na casa da vó. Meu tio costumava ouvir música alta fechado em seu quarto. Volta e meia, ele colocava um CD que começava com três batidas fortes repetidamente, seguidas de um cara cantando e um pessoal falando we will rock you. Aquilo me irritava, não sei o porquê. Eu devia ter uns cinco, seis anos e não gostava das músicas daquele CD. Era o mesmo sentimento que eu tinha quando minha mãe ouvia Adriana Calcanhoto, que hoje me encanta. Como entender as crianças?

Os anos se passaram e, na escola, era comum utilizarmos as três batidas fortes na torcida dos jogos. Ficava só naquilo. Até que um dia, assistindo a um DVD de clipes antigos do meu pai, vi um clipe de um cara cantando que me fascinou. Guardei que o sobrenome dele era Mercury. Não lembro que música era, só sei que fui pesquisar. Eu tinha uns 15 anos e, finalmente, o Queen entrou de fato em minha vida.

De lá pra cá, tornou-se minha banda favorita e trouxe, de quebra, meu cantor favorito. A cada música “nova” que eu conhecia, descobria que já a tinha escutado alguma vez, seja pela vida ou pelo meu tio. Fui, inclusive, pegar o CD dele emprestado. O mundo dá voltas…

Não sei explicar ao certo o fascínio que essa banda me desperta. O Freddie, claro, tem relevância nisso, já que ele é simplesmente maravilhoso. Mas, para mim, o Queen não se resume apenas ao seu eterno vocalista. Acredito que eles foram capazes de criar grandiosidades sem se prenderem a um conceito fechado de rock and roll. É só pegar algum greatest hits e ver a pluralidade musical que eles apresentam. E as letras são ricas, têm conteúdo e significado. Tanto que, dos meus 15 anos pra cá, fizeram parte de muitos momentos da minha vida – e sei que de muita gente também.

Você pode pegar seu diploma na colação de grau ao som de “Don’t Stop me Now”. Ou você pode se casar ouvindo “Crazy Little Thing Called Love”. Que tal chorar de decepção amorosa ao som de “Love of my Life”, curar uma dor de cotovelo com “Somebody to Love” ou refletir com “Under Pressure”? Gritar, a plenos pulmões, “We Will Rock You” durante Jogos Pan-americanos ou Jogos Olímpicos não é má ideia. Mas, se você tiver oportunidade, experimente dançar Queen. Vai valer a pena – palavra de quem já usou uma blusa rosa, uma saia preta curta, um bigode e rebolou para um teatro lotado ao som de “I Wantto Break Free”.

Também sou grata ao Queen por ter me levado a conhecer a preciosidade em forma de encontro musical chamada “Barcelona”. Ouvir Freddie e Montserrat cantando é um acalento para a alma e um respiro de alívio em meio a tanta turbulência cotidiana.

Não é legal a gente ficar pensando em tristezas, mas, se for para dizer uma que eu tenha, é nunca poder ver a formação original do Queen pessoalmente. Porém, como eu tenho um lado Poliana que insiste em se manifestar em muitos momentos da minha vida… Preciso dizer que ainda bem que existem DVDs, livros, YouTube, canais de shows… Deus salve a tecnologia! God save the Queen!

* Paloma Destro gosta de colocar em textos as observações que faz do cotidiano, utilizando a vida como matéria-prima. “Fiz o que pude” é uma homenagem ao primeiro livro que leu na escola, aos oito anos. É a história de um passarinho que deu o seu melhor, fazendo o que podia com os meios de que dispunha. Assim ela espera fazer aqui também, por meio das palavras.

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